22
Out15
texto sem nexo...
Rute Milene
Hoje tive uma espécie de epifania mental... de verdade, hoje senti que o nada me incomoda e o tudo me assusta.
Estar sozinha tem as suas vantagens, confesso que, por vezes, tenho uma necessidade urgente de estar só, mas essa necessidade surge, quase sempre, quando estou acompanhada, quando o dia me preenche, quando as princesas me esgotam ou simplesmente quando não "estou para aí virada"... a sensação de plenitude é verdadeiramente volátil...
Por vezes, quando estou com as princesas brincando no fantástico mundo da imaginação, dou por mim em pleno cenário de uma "guerra" de legos, puzzles, bonecas, mantas e afins... ora desempenho o meu papel de princesa enclausurada num qualquer castelo imaginário, ora encarno Quasimodo que persegue as princesas até ao alto da torre, ora sou cliente do cabeleireiro mais sinistro do mundo da fantasia, e em todas as possibilidades sou tratada de uma forma dócil, brusca, convicta, ternurenta, violenta... enquanto as minhas filhas fazem de mim "gato sapato" dou por mim a vaguear em pensamentos... sou mãe quando me sinto capaz, sou mãe quando tenho energia, sou mãe na loucura, sou mãe na ternura, eu sou mãe na maior parte do tempo... contudo, do nada dou por mim, absorta nos meus pensamentos e a desejar estar só... apenas só... sentada num qualquer banco de jardim com um livro pousado no regaço e disfrutando de um pouco de sol... somente só... mas, enquanto a mente viaja o corpo lá reage a um puxar de cabelo mais vigoroso, um pulo para o colo mais forte, um abraço apertado, um doce beijinho no pescoço e aí... aí, tudo volta ao normal... sei que é bom viajar dentro de nós, mas é muito melhor viajar com os que amamos, por isso, arregaço as mangas faço uma qualquer cara de monstro e persigo as princesas pela casa... assim, me dou conta que nada me incomoda e tudo me alegra.