doida varrida...
Há algumas semanas, num momento que não consigo verdadeiramente entender parti o dedo mindinho do meu pé esquerdo e durante toda a semana de recuperação senti que ia enlouquecendo de verdade... sou mãe de três e assumo que durante este intenso e longo período mês de Agosto tem sido um teste à minha paciência, criatividade, motivação e amor... sinto que me perdi e ainda não me consegui encontrar... atenção, adoro ser mãe mas aquele período foi demasiado conturbado para a minha sanidade mental... confesso que perdi as estribeiras umas dezenas de vezes, chorei compulsivamente para a minha almofada, berrei algumas vezes, pus de castigo outras quantas, senti que não era valorizada, senti que não valia nada, olhava-me no espelho e via reflectida um espectro estranho, a Rute não estava lá... estava lá algo sim mas não era a Rute...
Gritava quando perdia a paciência e apercebi-me que as miúdas começavam a manifestar gritos, berros nas brincadeiras... foram quase duas semanas de intensa loucura, gritaria e cabelos em pé... juro que em situações normais sou ponderada e confiante mas naquele tempo fiquei sem eira e nem beira... fiquei estranhamente louca varrida... choro ao pensar no que lhes disse no alto da minha loucura, tenho um aperto no peito quando me apercebo que pedi à minha mãe para me levar uma das filhas para eu respirar, sofro ao pensar que imagem deu eu às minhas piolhas naquela fase, teriam medo de mim, teriam pena de mim... fico tão triste com todas as imagens que passem em modo loop na minha mente daqueles intensos dias fechada em casa com as três... a elas lhes peço desculpa quase diariamente da minha perda de lucidez... talvez já nem se lembrem mas eu sim, eu recordo cada palavra e cada berro... eu fui completamente desequilibrada e não quero jamais sentir o que senti... este peso de consciência por falhar como mãe deixou uma marca tão profunda na minha alma que levará o seu longo tempo a passar... até lá continuo a pedir desculpa e dizer que as amo loucamente todos os dias e momentos desta minha vida.