One happy family

Nós por cá, estamos urgentemente a precisar de férias... minto, o que precisamos é de dormir... dormir só umas horinhas sem ter que acordar sobressaltado porque a Salomé está a ter pesadelos e geme bem alto "o cãaaaaaaaao" ou porque a Matilde grita em plenos pulmões às 3h da manhã "mãaaaaaa, quero água" ou a dona Guiomar que sai da cama como um foguete e aterra mesmo ao lado da tua cama e diz "mamã, papá quero fazer xixiiiiiiii"... no meio destas tropelias eu e o meu amado lá vamos vociferando "a sério???, vocês tem palha na cama, de certeza" "ainda agora me deitei" "eu não aguento mais isto" "preciso de férias" ou então, quando estamos com uma pedrada de sono tão grande em que damos uns valentes pontapés ou empurrões entre nós dois e o dialogo vai roçando mais ou menos no seguinte:

 -"anda lá"

- "ando lá, onde?"

- "é a tua vez"

- "não não é. é a tua vez!"

- " o quê.... não, não não... é a tua vez" 

Nisto o choro ou o gemido ou o chamar "páaaaaa" "mãaaaa" vai subindo de tom e mudando o registo para uma sonora irritabilidade (digna de uma criança que acorda a meio do sono para nos chagar o juizo).... mas nós continuamos neste alegre e desafiante dialogo, pois um de nós há-de ceder... se não for pela solidariedade, será pelo cansaço, nisto mantem-se os pequenos empurrões e patadas  entre nós... ele cego de sono e eu zombie nocturna...

- "eu fui lá da ultima vez.."

- "não foste nada. Fui eu que levei a Guiomar a fazer xixi"

- "Eu fui dar água à Matilde"

- "ohhhhh, anda lá. Vai lá tu"

- "não vou nada. estou cheio de sono"

Nisto, um de nós levanta-se vai ter com a cria e trá-la em jeito de apresentação de simba no rei leão "à...shibamba" ["Nats ingonya ba bagithi Baba, Sithi uhm ingonya aba"] ... "Ei-la.... a escolhida para dormir no nosso meio" e pronto, sossego na certa... acabam-se os gemidos, os gritos inusitados e os pedidos estranhos... faz-se um silencio estranho até ao raiar do dia...

"trimmmmmmmm"

acertaram meus amigos... em menos de 10 minutos o despertador toca o seu vibrante e irritante gemido.

a sério.... é urgente, DORMIR.

Tenho que confessar que tenho um trauma e um pensamento um nadinha estranho na hora de dormir... Há algum tempo, expliquei aqui a minha forma de dormir mas não confessei a razão estapafúrdia da minha estranha metodologia de sono... pois bem, meus amigos tenho que confessar que tenho um pavor imenso que durante a noite me entre pelo ouvido uma centopeia... de verdade, na hora de dormir só me vem à ideia a sra. dona centopeia com as suas patinhas nojentas e imensas a subir pela perna e chegar ao ouvido e pumba fazer aí o seu ninho... é um pavor, um horror, um pesadelo, um desconforto sem igual... sei que é completamente descabido e infantil este receio e por essa razão sou imensamente gozada pelo meu mais que tudo mas é um desconforto real, por isso, me desculpem mas vou continuar a dormir completamente coberta evitando assim a criação de um ninho horroroso de insectos nojentos no meu ouvido... mai nada.

Meus amigos quando se aproxima a hora de dormir, para mim, é algo absolutamente mecanizado, ora vejamos:

• coloca os chinelos ao lado da cama (na realidade, por vezes, são um estorvo, pois se uma delas começa a chorar e eu me levanto em modo zombie, vão os chinelos pelo ar enquanto vocifero umas quantas obscenidades)
• pego no livro de cabeceira dou um beijinho e prometo que amanhã o leio (enfim, maluquices desta pseudocultaleitora)
• deito no meu corpo na cama e coloco a minha cabeça na almofada (mas, como os gatos, dou umas quantas voltas e mexidelas do meu corpo e cabeça até ter a posição ideal... no entanto, se uma começa a chorar toda aquela movimentação foi em vão... quem se queixa é o excelentíssimo que diz "já chega, não????")
• depois pode ocorrer alguns cenários, ora me deito sem lençol e fico assim uns 5 minutos (uipiiii, vitória)... ora ponho o lençol só a cobrir as pernas e fico assim uns 10 minutos (ahhhh, corajosa).... ora cubro o corpo mas não a cabeça e fico assim uns 12 minutos (tão heroica...)... ora cubro-me completamente, ficando apenas o nariz e a boca de fora (pareço uma iraquiana de pijama)...

Na verdade, o meu mais que tudo acha que eu sou estranha e não compreende a necessidade de cobrir completamente, saibam pois, que ele goza imenso com esta minha fragilidade nocturna... confesso que, por vezes, fico a suar e a desesperar debaixo do lençol, principalmente nestes últimos dias... mas eu sinto uma necessidade patológica de me cobrir... Eu sei, eu sei, há profissionais que me podem ajudar... mas acho que a criação de um pijama especifico para mim não iria ajudar... enfim, vamos ver se esta noite me fico pelos 5 minutos ou aguento até aos 12....;-)

Durmam bem.